quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Fábulas Sociais

#Capítulo 1: Um mal chamado solidão!

          Dois amigos estavam sentando em um bar conversando sobre seu cotidiano...

          — Marcos, você ultimamente anda triste, meio desanimado, aconteceu algo? —Perguntou Paulo.
          — Bem, nada fora do normal, só estive pensando coisas... — engolindo seco, Marcos completo           — Coisas que não devem ser pensadas!
Paulo meio curioso então lhe interrogou — O que seria tais coisas que não podem ser pensadas?
Meio tremulo Marcos olhou no fundo dos olhos de Paulo e respondeu — Na morte!
          — Mas que loucura é essa Marcos? Onde já se viu assim do nada querer a morte? O que esta acontecendo para que você fique pensando nisso? — Disse Paulo muito surpreso com a resposta do amigo.
          Marcos com a cabeça baixa, olhando para o copo de cerveja em cima da mesa começou a falar — Lembra-se da Beatriz? Sim minha ex na qual penso ate hoje “como pude deixá-la ir embora?”. Desde que ela foi embora não conheci mais ninguém, não foi falta de procurar, qualquer buraco ou ninho de rato eu estava entrando para achar alguém. Sempre saindo, indo a festas, bares, shows, nas redes sociais e ate mesmo no trabalho procurando alguém que me desse esse pouquinho de afeição, mas não encontrei. Sei que a Bia me traiu, mas a solidão esta tanta que pensei em ate esquecer tal fato e a ter de volta, o que a carência não faz meu amigo? Eu tendo, mas não estou achando ninguém, só lances que não levam a nada. Não quero apenas beijar, quero sentir, não quero apenas sexo, quero amor, romance... Quero me sentir vivo outra vez! Mas não posso e não consigo sozinho.
Paulo meio surpreso e sem saber o que dizer, quis confortar o amigo falando uma daquelas frases prontas — Calma cara, ela vai aparecer, ainda não chegou à hora, tem o tempo certo para tudo!
          Ao ouvir as palavras do amigo Marcos se irritou, levantou-se e fora embora. Paulo tentou segura-lo, mas foi em vão. Ao chegar em casa Marcos deitou-se na cama e começou a pensar — “Todos dizem sempre a mesma coisa, ‘não esta na hora’, ‘o momento seu vai chegar’, ‘tem o tempo certo para tudo’, quanta bobagem e babaquice juntas, dizem isso porque já estão com suas vidas medíocres resolvidas ou já tem alguém, mas a maioria não se importa tanto. Agora eu, que só quero alguém para ser feliz, amá-la, respeitá-la, ser fiel e companheiro, fico sozinho a mercê do destino?”
Então ele se levantou, foi ao banheiro e pegou o gilete na gaveta em baixo da pia, em seguida cortou os dois pulsos o mais fundo que pode, deitou-se de novo na cama e estava esperando seu corpo desfalecer.
          Poucos segundos depois Paulo chega à casa de Marcos, aperta a campainha, bate na porta, mas sem sinal de seu amigo. Então ele arromba a porta, ao chegar perto da porta do quarto deparou com seu amigo desmaiado em cima da cama todo ensangüentado. Rasgou as mangas da camisa, amarrou nos pulsos de marcos, pegou nos braços correu para o carro, assim levando-o as presas para o hospital.
          No outro dia, ao abrir os olhos, Marcos vê em seu lado seu amigo, com o rosto corado de tanto chorar e com uma bíblia na mão, orando para que se recupere logo, então ele pergunta — Porque oras?
          — Por você claro, Deus te salvou! — respondeu Paulo.
          — Não, foi você Paulo!
          — Deus me pôs lá para te salvar!
          — Sabe que sou meio cético a isso, não vou acreditar nisso...
          — Não precisa acreditar, penas sinta e descubra o que Ele quer de ti.
          Depois deste dia, Marcos aceitou começar um tratamento psicológico e entrou para igreja de Paulo, ali conheceu e teve uma experiência com o divino. Leu a bíblia, estudou-a e começou a ajudar na igreja, dentro de poucos meses já conhecia de tudo da religião e da palavra. Porém marcos ainda se sentia vazio, por não tem achado a mulher que lhe completara.
          Ao passar dos anos, Marcos começou a desanimar mais e mais, agora ia à igreja apenas por ir, sua dor e solidão eram maior do que sua fé e confiança. Ao observar as garotas de sua igreja ele se desanimava, algumas por ser belas e ele nunca as conseguiram e outras por ser o próprio diabo em forma de gente, fingindo esta fiel na igreja, mas aprontando todas escondidas ou fora de lá. “Se as de dentro da igreja estão assim, imagina as que estão fora de lá?” — marcos pensava — “Estou triste, quero acabar com minha dor, mas não posso. Se eu me matar serei condenado ao inferno, mas se eu continuar vivendo, estarei no próprio inferno chamado solidão!”
          Então Marcos optou por continuar a viver, com medo da pena divina. Morreu aos 90 anos de idade, sozinho, sem familiares e sem sua tão desejada esposa. Levou desse mundo apenas o gosto amargo da solidão e da angustia, aquela dor de esperar o que não vem, aquela dor de ver os outros injusto felizes e ele triste, aquela dor que só ele e quem passa pelo mesmo fardo sente e sabe como é!

                                                                      FIM!!!
por Manoel (Akatsuki) Fernandes

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